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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A SAGA DO MANGALARGA

Casa da Torre de Garcia D'avila
Casa de Maurício de Nassau

Sobrado do Brejo- Brumado - Bahia
primeira citação de um cavalo foveiro e de como deve ser um bom cavalo sendeiro.

O Quartel da Cachoeira
A Capela da Fazenda Favacho
Fazenda Invernada
Fazenda Boa Vista com o Cel. Francisco Orlando e seu cavalo
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A SAGA DO MANGALARGA
A base genética do cavalo mangalarga é fruto do cruzamento de animais vindos para as América com os conquistadores , sendo os cavalos dos conquistadores portugueses vindos para São Paulo Pernambuco e Bahia, e os cavalos dos conquistadores espanhóis vindos por Florianópolis e para o Rio da da Prata.
A esta mistura acrescenta-se uma pitada de sangue do norte da Europa atribuído aos invasores holandeses que aportaram e permaneceram em Pernambuco com seus cavalos por 30 ou 40 anos.
Os cavalos do nordeste desceram na direção das nascentes do são Francisco onde surgiram as primeiras fazendas do sertão usadas para apoiar a lavoura canavieira do litoral.O andar macio destes animais está documentado e deve ser  a causa  do bom andamento do Cavalo Mangalarga
Os cavalos do sul com sangue espanhol foram se encaminhando para Curitiba e de lá para Sorocaba onde eram guiados para as descobertas de ouro em Minas .
Todos estes cavalos caminharam para a província de Minas Gerais no auge da corrida do ouro , formando um novo tipo rústico com sangue espanhol, português e um pouco de holandês.
Lá foram usados pela polícia montada e incentivada sua produção para atender a população das Minas e para o patrulhamento destas mesmas  minas.Esta necessidade de polícia fez surgir um quartel e um regimento de Dragões na região de Ouro Preto ,mais precisamente em Cachoeira do Campo.Estas éguas fruto destes cruzamentos primitivos entre os cavalos do norte e do sul formaram a base na qual surgiria o cavalo mangalarga.
O interesse em fornecer animais paras as minas bem como mantimentos e laticínio atraiu muitas famílias de imigrantes do norte de Portugal e dos Açores para as Minas Gerais ,principalmente no caminho da região mineradoura que ligava o Rio às Minas.
Foi numa destas paragens no caminho para Ouro Preto ,mais precisamente em encruzilhada(junção do caminho novo da serra da Estrela com o caminho velho de Parati e São Paulo) hoje Cruzilia, que se afazendou a família de João Francisco Junqueira.
Com o fim do era das minas de ouro ,fim das revoltas e chegada da família Real ao Brasil os Junqueiras também resolveram ampliar seus horizontes, mudar de ares e criar espaço para família que crescia , assim o neto do primeiro Junqueira resolveu imigrar para o sertão do Rio Pardo(1812-1816) ,hoje prospera região de Ribeirao Preto.
Eles já se destacavam como bons cavaleiros e bons criadores em minas e não seria diferente em São Paulo.
O velho Quartel das minas também viu alterada sua função. Com o fim da mineração ,fim das revoltas, entre elas a inconfidência mineira, e fim do regimento, ele foi transformado em coudelaria em 1819, pelo interesse dos monarcas agora os mais nóvos moradores dos trópicos.
Nesta coudelaria seriam abrigados os animais vindos de Portugal para servir aos nobres e a população em geral das minas, carentes de bons animais para seu dia dia e para suas idas a corte com animais condizentes com sua nova posição social.
Foi assim que quando de sua fundação a coudelaria abrigou, além de dois reprodutores vindos do Reino, um certo cavalo do Junqueira. Era um sinal evidente que já em 1819 os Junqueiras criavam animais nativos de qualidade aceitável para serem usados em um estabelecimento oficial, com um regimento muito exigente ,podendo serem comprados aos cavalos vindos de Portugal. Havia também outro cavalo nativo, provavelmente vindo de São Paulo, denominado cavalo de fora, não foi sequer batizado,permanecendo com a alcunha de Cavalo de Fora, sinal de ser este animal de qualidade inferir ,provavelmente para repasse, servir como rufião ou somente de reserva.
Deste modo se entrelaçaria para sempre os cavalos dos Junqueiras com os cavalos da Coudelaria Real de Cachoeira do Campo.
Com o tempo a coudelaria da Cachoeira do Campo cresceu assim como crescia também a paixão por cavalos dos Junqueiras e do príncipe D Pedro I .Nela foram agregados outros animais vindos de várias partes do mundo, entre os quais dois Cavalos do Cabo da Boa esperança(cruzamento de animais ingleses de corrida com animais do Cabo da Boa Esperança com sangue Persa e holandês) ,cavalo Francês ,cavalo Alemão ,cavalo Americano e ainda dois cavalos árabes .
A Paixão de D. Pedro por esses cavalos era tanta que após a independência, evitando tornar o empreendimento um peso para o império, ele assumiu para sí as despesas da coudelaria de Cachoeira e usou também a influencia diplomática de sua mulher uma austríaca para importar alguns cavalos ,inclusive Árabes para essa grande nova coudelaria.
Francisco Antônio ,o primeiro junqueira a vir para São Paulo era amigo de D Pedro I , seu Pai João Francisco Junqueira Filho era homem influente no pais , comerciante entre o Rio de Janeiro e a região mineiradoura, seu irmão caçula,Gabriel Francisco Junqueira depois Barão de Alfenas, tio de Francisco Antônio, também já estava por seguir caminho político de modo a representar a família e seus interesses na corte,era também grande criador e conhecedor da criação de cavalos.
Antes de partir Francisco Antônio caçou com D Pedro I, recebendo dele e de sua mulher D. Leopoldina trelas de caça para cães feitas inteiramente de prata com o brasão do Império.Dona Leopoldina,mulher de D.Pedro I gostava muito de caçar tendo caçado inclusive em sua lua-de-mel passada nas paragens da Barra da Tijuca.
Enquanto o D pedro I se dedicava ao País aos cavalos e a seus romances extraconjugais, o casal de Junqueiras vindos de Minas para São Paulo, sendo ele Francisco Antônio da Fazenda Favacho e sua mulher Genoveva Clara da Fazenda Traituba, se dedicavam a tornar essa boca de sertão em um lugar mais habitável transformando o ambiente e criando para sí a fazenda Invernada, próxima a um afluente do Rio pardo conhecido como Ribeirão do Rosário. Enquanto isso seu cunhado,casado com outra irmã da Traituba, e amigo, João José de Carvalho ,companheiro de empreitada, criava a Fazenda Santo Ignacio ,também próxima ao Rio Pardo, no futuro município de Morro Agudo, na atual Alta Mogiana.
Após alguns anos as fazendas do sertão cresceram e se modificaram, surgiram várias cidades na nova região, mas a ligação com os primo de minas permaneceu forte com trocas de visitas, presentes e cavalos entre eles,principalmente com seu irmão caçula José Frausino e com seu Tio Gabriel Francisco(futuro Barão de Alfenas). Modificou-se também a situação do Imperador que enfrentava uma luta política entre várias tendências quanto ao tipo de constituição e atribuições nela contidas para o Imperador.
O filho Caçula do primeiro junqueira,Gabriel Francisco ,agora guindado a deputado constituinte já não se alinhava tanto com D pedro I como o fizera João Francisco Junqueira Flho e Fancisco Antônio tempos atrás.Diga-se de passagem que estes também , já não tão concordes com a atitude pró reinóis de D Pedro I.
Como tudo tem um fim o reinado de D Pedro também teve .Já desgastado com seus súditos no Brasil e vendo o risco de usurpação do trono em Portugal por seu irmão, D. Miguel, em detrimento de sua Filha Maria da Glória, ele partiu do Brasil no ano de 1831.
Mas deixou seus cavalos no Brasil e queria algum ressarcimento por seus animais aqui deixados. Assim também a regência necessitada de recursos para conduzir o País enquanto o Principe herdeiro ,D Pedro II , ainda era apenas um menino.Foi nesse clima que foram feitos vários leilões para se vender alguns  potros criados na coudelaria da cachoeira . Nestes leilões vários cavalos foram comprados por grandes proprietários da época ou por outros a mando destes grandes proprietários.
Foram nestes leilões entre 1820 e 1835 ,principalmente, que os Junqueiras tiveram acesso aos animais puros e cruzados das melhores origens e Raças da Europa, com sangue da Raça Primeira ,Alter, bem como animais com sangue árabe, anglo normando , do cabo da Boa esperança com sangue dos corredores das ilhas britânicas, franceses e muitas outras raças .
Estes cavalos da coudelaria cruzados com seu rebanho já afamado pela sua qualidade e por seu andar macio e cômodo formaram a base do cavalo mangalarga.
Estes cruzamentos diferenciaram muito o mangalarga de outras raças nativas do Brasil como o Crioulo, o Pantaneiro ,o nordestino etc.
A troca de reprodutores constante entre os primos de São Paulo e Minas fez com que estes cavalos com sangue da coudelaria da Cachoeira também estivesse presente nos animais vindos para o sertão do Rio Pardo.
Em minas a fama dos cavalos dos Junqueiras só crescia devido ao fato de Gabriel Francisco Junqueira ,o filho caçula do Primeiro Junqueira , ter se tornado  deputado do Império, posto que dava grande visibilidade e oportunidade para divulgar as maravilhas dos cavalos da família. Esta fama aumentou quando Gabriel Francisco fez uma grande venda a amigos de seu irmão, João Francisco Junqueira Filho, os Lacerda verneck ,de Pati de Alferes, donos da Fazenda Mangalarga.
Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, Barão de Pati do Alferes era muito conhecido e respeitado e seus novos animais muito admirados na corte. Quando alguém vinha a ele indagar a origem dos animais ele simplesmente indicava que comprara dos junqueiras por intermédio de seu representante na corte Gabriel Francisco.E deste modo quando outros iam ao sul de minas em busca de bons animais logo diziam: queremos cavalos bons como aqueles vendidos a Fazenda Mangalarga.E assim a raça nascente passou a ser denominada Mangalarga.
Esta novidade do sucesso dos cavalos dos primos do sul de minas não tardou a chagar a São Paulo. E assim tanto Francisco Antônio como seus dois filhos, Francisco Marcolino(cap.Chico) e João Francisco(das melancias)  sempre buscaram mais cavalos entre os primos mineiros para refrescar o sangue dos criados em São Paulo.
Deste modo a troca constante de reprodutores entre São Paulo e Minas se intensificou. Mas o tipo de seleção se tornou bem diferente no sertão do Rio Pardo , com terreno plano e vegetação mais alta e fechada, a região da Alta Mogiana exigia animais bem mais velozes e bons galopadores mantendo- se porem a necessidade de comodidade no andar para as grandes caminhadas até os centros urbanos e para as visitas aos parentes de minas .
Os dois filhos de Francisco Antônio foram ótimos agricultores pecuaristas e principalmente caçadores, exigindo ao máximo seus animais e com muito bom olho para seleção. Após a morte de Francisco Antônio os dois filhos se dedicaram a ampliar seus domínios e a selecionar o que seria o cavalo da futura associação de criadores da raça mangalarga.
Como Grande fazendeiro de renome no norte de São Paulo Francisco Marcolino(capitão Chico) testou inclusive animais de outras raças em cruzamento com os seus, sendo famosos os animais fruto do cruzamento de suas éguas com animais de puro sangue inglês(PSI) do conselheiro Antônio Prado.Todas estas tentativas de melhorar o mangalarga foram úteis, mas de todo modo só restaram descendentes em linha feminina por serem os seus cavalos mais rústicos e adaptados ao meio ambiente, além de serem incrivelmente mais confortáveis quando montado.
Desta grande seleção funcional, baseada nas caçadas e no serviço, surgiram bons frutos e na geração seguinte o filho mais velho de Francisco Marcolino de nome Francisco Orlândo , criou COLORADO.
Colorado foi a seu tempo Campeão de todas as raças nacionais em exposição realizada no Rio de Janeiro. Dele descendem a maioria dos cavalos mangalarga, sejam os registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga quanto dos registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Marchadores da raça Mangalarga.
Depois deste período de formação do cavalo mangalarga houve o movimento para se criar a primeira associação. Inspirados no exemplo de
Emilio Solanet que criou a associação do cavalo crioulo e com a ajuda do técnico Paulo de Lima Corrêa foi fundada a Associação dos criadores de cavalos Mangalarga. Os primos e criadores de minas, que devido a distância, ao pouco interesse e ao pouco tempo que o livro de acentos para os animais permaneceu aberto, ficaram de fora da primeira associação, tendo posteriormente constituindo a sua própria associação. Esta nova associação deu mais ênfase ao cavalo de tríplice apoio, fato que até 1934 não era de forma nenhuma reprovados na associação paulista, até porque entre os primeiros fundadores encontravam -se junqueiras cujos pais era mineiros ou descendentes destes por linha masculina, sendo eles descendentes de Francisco Marcolino e Francisco Antônio por linha feminina através das filhas deste pioneiro criador paulista .As filhas do Capitão Chico eram ótimas amazonas.
Hoje ambas as associações estão em estado avançado de seleção engrandecendo a pecuária Brasileira.
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Origem dos troncos formadores do cavalo mangalarga:
Sublime - Sabe-se com certeza que uma filha deste reprodutor, que pertencia a coudelaria, foi usada em São Paulo por João Franisco  das melancias , irmão do Capitão Chico.
Gregório- Comprado por José Frausino do Favacho  em minas Gerais.

Fortuna- Comprado por José Frausino em Minas gerais para servir a seu irmão Francisco Antônio em São Paulo.
Telegrama Velho- Atribuido ao Barão de Alfenas e descendentes sua aquisição ou Criação.Muito usado por João Francisco das melancias e pelo capitão Chico
 Rosilho ou Abismo- Atribuido ao Barão de Alfenas e descendentes sua aquisição ou Criação.
 Jóa da Chamusca- Alugado por descendentes do Barão de alfenas para servir nas fazendas de irmãos e vizinhos.Este cavalo serviu duas vezes na Fazenda Invernada do Capitão Chico em Orlândia.
Os Junqueira sempre preservaram e distinguiram as linhagens de: Fortuna, Sublime, Gregório, Telegrama, Joia e Rosilho, devido ao fato deles descenderem de diferentes reprodutores ou mesmo de diversas linhagens de reprodutores ou raças que pertenciam à Coudelaria Real de Cachoeira do Campo ou Coudelaria de Barbacena, como era conhecida, por ter sido morada do Visconde de Barbacena.
Em Cachoeira do Campo coexistiram cavalos de raça Alter, Inglês, Frances, Alemão, Árabe e, provavelmente, do Cabo da Boa Esperança.
Provavelmente esta origem baseada em animais de diversas raças cruzados com suas éguas cômodas e rústicas justifica essa separação de linhagens e o carinho em registrar as linha alta de seus reprodutores.Cada um tinha algum cavalo de linha Fortuna, Telegrama, Jóia,Gregório e Rosilho, mesmo morando a poucos quilômetros um do outro parente.


Leia mais sobre as provas e indícios  destes nossos  argumentos sobre a origem do Mangalarga.
G.D.J.