Casa da Torre de Garcia D'avila
Casa de Maurício de Nassau
Sobrado do Brejo- Brumado - Bahia
primeira citação de um cavalo foveiro e de como deve ser um bom cavalo sendeiro.
O Quartel da Cachoeira
A Capela da Fazenda Favacho
Fazenda Invernada
Fazenda Boa Vista com o Cel. Francisco Orlando e seu cavalo
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A SAGA DO MANGALARGA
A base genética do cavalo mangalarga é
fruto do cruzamento de animais vindos para as América com os
conquistadores , sendo os cavalos dos conquistadores portugueses
vindos para São Paulo Pernambuco e Bahia, e os cavalos dos
conquistadores espanhóis vindos por Florianópolis e para o Rio da
da Prata.
A esta mistura acrescenta-se uma
pitada de sangue do norte da Europa atribuído aos invasores
holandeses que aportaram e permaneceram em Pernambuco com seus
cavalos por 30 ou 40 anos.
Os cavalos do nordeste desceram na
direção das nascentes do são Francisco onde surgiram as primeiras
fazendas do sertão usadas para apoiar a lavoura canavieira do
litoral.O andar macio destes animais está documentado e deve ser a causa do bom andamento do Cavalo Mangalarga
Os cavalos do sul com sangue espanhol foram se
encaminhando para Curitiba e de lá para Sorocaba onde eram guiados
para as descobertas de ouro em Minas .
Todos estes cavalos
caminharam para a província de Minas Gerais no auge da corrida do
ouro , formando um novo tipo rústico com sangue espanhol, português
e um pouco de holandês.
Lá foram usados pela polícia montada
e incentivada sua produção para atender a população das Minas e
para o patrulhamento destas mesmas minas.Esta
necessidade de polícia fez surgir um quartel e um regimento de
Dragões na região de Ouro Preto ,mais precisamente em Cachoeira do
Campo.Estas éguas fruto destes cruzamentos primitivos entre os
cavalos do norte e do sul formaram a base na qual surgiria o cavalo
mangalarga.
O interesse em fornecer animais paras
as minas bem como mantimentos e laticínio atraiu muitas famílias de
imigrantes do norte de Portugal e dos Açores para as Minas Gerais
,principalmente no caminho da região mineradoura que ligava o Rio às
Minas.
Foi numa destas paragens no caminho
para Ouro Preto ,mais precisamente em encruzilhada(junção do
caminho novo da serra da Estrela com o caminho velho de Parati e São
Paulo) hoje Cruzilia, que se afazendou a família de João Francisco
Junqueira.
Com o fim do era das minas de ouro ,fim
das revoltas e chegada da família Real ao Brasil os Junqueiras
também resolveram ampliar seus horizontes, mudar de ares e criar
espaço para família que crescia , assim o neto do primeiro
Junqueira resolveu imigrar para o sertão do Rio Pardo(1812-1816)
,hoje prospera região de Ribeirao Preto.
Eles já se destacavam como bons
cavaleiros e bons criadores em minas e não seria diferente em São
Paulo.
O velho Quartel das minas também viu alterada sua função.
Com o fim da mineração ,fim das revoltas, entre elas a
inconfidência mineira, e fim do regimento, ele foi transformado em
coudelaria em 1819, pelo interesse dos monarcas agora os mais nóvos
moradores dos trópicos.
Nesta coudelaria seriam abrigados os
animais vindos de Portugal para servir aos nobres e a população em
geral das minas, carentes de bons animais para seu dia dia e para
suas idas a corte com animais condizentes com sua nova posição
social.
Foi assim que quando de sua fundação
a coudelaria abrigou, além de dois reprodutores vindos do Reino, um
certo cavalo do Junqueira. Era um sinal evidente que já em 1819 os
Junqueiras criavam animais nativos de qualidade aceitável para serem
usados em um estabelecimento oficial, com um regimento muito exigente
,podendo serem comprados aos cavalos vindos de Portugal. Havia também
outro cavalo nativo, provavelmente vindo de São Paulo, denominado
cavalo de fora, não foi sequer batizado,permanecendo com a alcunha
de Cavalo de Fora, sinal de ser este animal de qualidade inferir
,provavelmente para repasse, servir como rufião ou somente de
reserva.
Deste modo se entrelaçaria para sempre
os cavalos dos Junqueiras com os cavalos da Coudelaria Real de Cachoeira do Campo.
Com o tempo a coudelaria da Cachoeira do Campo cresceu
assim como crescia também a paixão por cavalos dos Junqueiras e do
príncipe D Pedro I .Nela foram agregados outros animais vindos de
várias partes do mundo, entre os quais dois Cavalos do Cabo da Boa
esperança(cruzamento de animais ingleses de corrida com animais do
Cabo da Boa Esperança com sangue Persa e holandês) ,cavalo Francês
,cavalo Alemão ,cavalo Americano e ainda dois cavalos árabes .
A Paixão de D. Pedro por esses cavalos
era tanta que após a independência, evitando tornar o
empreendimento um peso para o império, ele assumiu para sí as
despesas da coudelaria de Cachoeira e usou também a influencia
diplomática de sua mulher uma austríaca para importar alguns
cavalos ,inclusive Árabes para essa grande nova coudelaria.
Francisco Antônio ,o primeiro
junqueira a vir para São Paulo era amigo de D Pedro I , seu Pai
João Francisco Junqueira Filho era homem influente no pais ,
comerciante entre o Rio de Janeiro e a região mineiradoura, seu
irmão caçula,Gabriel Francisco Junqueira depois Barão de Alfenas,
tio de Francisco Antônio, também já estava por seguir caminho
político de modo a representar a família e seus interesses na
corte,era também grande criador e conhecedor da criação de cavalos.
Antes de partir Francisco Antônio
caçou com D Pedro I, recebendo dele e de sua mulher D. Leopoldina
trelas de caça para cães feitas inteiramente de prata com o brasão
do Império.Dona Leopoldina,mulher de D.Pedro I gostava muito de caçar tendo caçado
inclusive em sua lua-de-mel passada nas paragens da Barra da Tijuca.
Enquanto o D pedro I se dedicava ao
País aos cavalos e a seus romances extraconjugais, o casal de
Junqueiras vindos de Minas para São Paulo, sendo ele Francisco
Antônio da Fazenda Favacho e sua mulher Genoveva Clara da Fazenda
Traituba, se dedicavam a tornar essa boca de sertão em um lugar mais
habitável transformando o ambiente e criando para sí a fazenda
Invernada, próxima a um afluente do Rio pardo conhecido como
Ribeirão do Rosário. Enquanto isso seu cunhado,casado com outra irmã da Traituba, e amigo, João José
de Carvalho ,companheiro de empreitada, criava a Fazenda Santo
Ignacio ,também próxima ao Rio Pardo, no futuro município de Morro Agudo, na atual Alta Mogiana.
Após
alguns anos as fazendas do sertão cresceram e se modificaram,
surgiram várias cidades na nova região, mas a ligação com os primo
de minas permaneceu forte com trocas de visitas, presentes e cavalos
entre eles,principalmente com seu irmão caçula José Frausino e com seu Tio Gabriel Francisco(futuro Barão de Alfenas). Modificou-se também a situação do Imperador que
enfrentava uma luta política entre várias tendências quanto ao
tipo de constituição e atribuições nela contidas para o
Imperador.
O filho Caçula do primeiro junqueira,Gabriel Francisco
,agora guindado a deputado constituinte já não se alinhava tanto
com D pedro I como o fizera João Francisco Junqueira Flho e
Fancisco Antônio tempos atrás.Diga-se de passagem que estes também
, já não tão concordes com a atitude pró reinóis de D Pedro I.
Como tudo tem um fim o reinado de D
Pedro também teve .Já desgastado com seus súditos no Brasil e
vendo o risco de usurpação do trono em Portugal por seu irmão, D.
Miguel, em detrimento de sua Filha Maria da Glória, ele partiu do
Brasil no ano de 1831.
Mas deixou seus cavalos no Brasil e queria
algum ressarcimento por seus animais aqui deixados. Assim também a
regência necessitada de recursos para conduzir o País enquanto o
Principe herdeiro ,D Pedro II , ainda era apenas um menino.Foi nesse
clima que foram feitos vários leilões para se vender alguns potros
criados na coudelaria da cachoeira . Nestes leilões vários cavalos
foram comprados por grandes proprietários da época ou por outros a
mando destes grandes proprietários.
Foram nestes leilões entre 1820 e 1835
,principalmente, que os Junqueiras tiveram acesso aos animais puros e
cruzados das melhores origens e Raças da Europa, com sangue da Raça
Primeira ,Alter, bem como animais com sangue árabe, anglo normando
, do cabo da Boa esperança com sangue dos corredores das ilhas
britânicas, franceses e muitas outras raças .
Estes cavalos da coudelaria cruzados
com seu rebanho já afamado pela sua qualidade e por seu andar macio
e cômodo formaram a base do cavalo mangalarga.
Estes cruzamentos diferenciaram muito o
mangalarga de outras raças nativas do Brasil como o Crioulo, o Pantaneiro ,o nordestino etc.
A troca de reprodutores constante entre
os primos de São Paulo e Minas fez com que estes cavalos com sangue
da coudelaria da Cachoeira também estivesse presente nos animais
vindos para o sertão do Rio Pardo.
Em minas a
fama dos cavalos dos Junqueiras só crescia devido ao fato de
Gabriel Francisco Junqueira ,o filho caçula do Primeiro Junqueira , ter se tornado deputado do Império, posto que dava grande visibilidade e oportunidade para divulgar as maravilhas dos cavalos da família. Esta fama aumentou quando Gabriel Francisco fez uma
grande venda a amigos de seu irmão, João Francisco Junqueira Filho,
os Lacerda verneck ,de Pati de Alferes, donos da
Fazenda Mangalarga.
Francisco
Peixoto de Lacerda Vernek, Barão de Pati do Alferes era muito
conhecido e respeitado e seus novos animais muito admirados na
corte. Quando alguém vinha a ele indagar a origem dos animais ele
simplesmente indicava que comprara dos junqueiras por intermédio de
seu representante na corte Gabriel Francisco.E deste modo quando
outros iam ao sul de minas em busca de bons animais logo diziam: queremos cavalos bons como aqueles vendidos a Fazenda Mangalarga.E
assim a raça nascente passou a ser denominada Mangalarga.
Esta
novidade do sucesso dos cavalos dos primos do sul de minas não
tardou a chagar a São Paulo. E assim tanto Francisco Antônio como
seus dois filhos, Francisco Marcolino(cap.Chico) e João Francisco(das melancias) sempre
buscaram mais cavalos entre os primos mineiros para refrescar o
sangue dos criados em São Paulo.
Deste
modo a troca constante de reprodutores entre São Paulo e Minas se
intensificou. Mas o tipo de seleção se tornou bem diferente no
sertão do Rio Pardo , com terreno plano e vegetação mais alta e
fechada, a região da Alta Mogiana exigia animais bem mais velozes e
bons galopadores mantendo- se porem a necessidade de comodidade no
andar para as grandes caminhadas até os centros urbanos e para as
visitas aos parentes de minas .
Os
dois filhos de Francisco Antônio foram ótimos agricultores
pecuaristas e principalmente caçadores, exigindo ao máximo seus
animais e com muito bom olho para seleção. Após a morte de
Francisco Antônio os dois filhos se dedicaram a ampliar seus
domínios e a selecionar o que seria o cavalo da futura associação
de criadores da raça mangalarga.
Como
Grande fazendeiro de renome no norte de São Paulo Francisco Marcolino(capitão Chico) testou inclusive animais de outras raças em cruzamento com os seus,
sendo famosos os animais fruto do cruzamento de suas éguas com
animais de puro sangue inglês(PSI) do conselheiro Antônio
Prado.Todas estas tentativas de melhorar o mangalarga foram úteis,
mas de todo modo só restaram descendentes em linha feminina por
serem os seus cavalos mais rústicos e adaptados ao meio ambiente,
além de serem incrivelmente mais confortáveis quando montado.
Desta
grande seleção funcional, baseada nas caçadas e no serviço,
surgiram bons frutos e na geração seguinte o filho mais velho
de Francisco Marcolino de nome Francisco Orlândo , criou COLORADO.
Colorado foi a seu tempo Campeão de todas as raças nacionais em
exposição realizada no Rio de Janeiro. Dele descendem a maioria dos
cavalos mangalarga, sejam os registrados na Associação Brasileira
dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga quanto dos registrados na
Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Marchadores da raça
Mangalarga.
Depois deste período de formação do cavalo
mangalarga houve o movimento para se criar a primeira associação. Inspirados no exemplo de Emilio
Solanet que criou a associação do cavalo crioulo
e com a ajuda do técnico Paulo de Lima Corrêa foi fundada a
Associação dos criadores de cavalos Mangalarga. Os primos e
criadores de minas, que devido a distância, ao pouco interesse e ao
pouco tempo que o livro de acentos para os animais permaneceu aberto,
ficaram de fora da primeira associação, tendo posteriormente
constituindo a sua própria associação. Esta nova associação deu
mais ênfase ao cavalo de tríplice apoio, fato que até 1934 não
era de forma nenhuma reprovados na associação paulista, até porque
entre os primeiros fundadores encontravam -se junqueiras cujos pais
era mineiros ou descendentes destes por linha masculina, sendo eles
descendentes de Francisco Marcolino e Francisco Antônio por linha
feminina através das filhas deste pioneiro criador paulista .As filhas do Capitão Chico eram ótimas amazonas.
Hoje
ambas as associações estão em estado avançado de seleção
engrandecendo a pecuária Brasileira.
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Origem dos troncos formadores do cavalo mangalarga:
Sublime - Sabe-se com certeza que uma filha deste reprodutor, que pertencia a coudelaria, foi usada em São Paulo por João Franisco das melancias , irmão do Capitão Chico.
Gregório- Comprado por José Frausino do Favacho em minas Gerais.
Fortuna- Comprado por José Frausino em Minas gerais para servir a seu irmão Francisco Antônio em São Paulo.
Telegrama Velho- Atribuido ao Barão de Alfenas e descendentes sua aquisição ou Criação.Muito usado por João Francisco das melancias e pelo capitão Chico
Rosilho ou Abismo- Atribuido ao Barão de Alfenas e descendentes sua aquisição ou Criação.
Jóa da Chamusca- Alugado por descendentes do Barão de alfenas para servir nas fazendas de irmãos e vizinhos.Este cavalo serviu duas vezes na Fazenda Invernada do Capitão Chico em Orlândia.
Os Junqueira sempre preservaram e distinguiram as linhagens de: Fortuna, Sublime, Gregório, Telegrama, Joia e Rosilho, devido ao fato deles descenderem de diferentes reprodutores ou mesmo de diversas linhagens de reprodutores ou raças que pertenciam à Coudelaria Real de Cachoeira do Campo ou Coudelaria de Barbacena, como era conhecida, por ter sido morada do Visconde de Barbacena.
Em Cachoeira do Campo coexistiram cavalos de raça Alter, Inglês, Frances, Alemão, Árabe e, provavelmente, do Cabo da Boa Esperança.
Provavelmente esta origem baseada em animais de diversas raças cruzados com suas éguas cômodas e rústicas justifica essa separação de linhagens e o carinho em registrar as linha alta de seus reprodutores.Cada um tinha algum cavalo de linha Fortuna, Telegrama, Jóia,Gregório e Rosilho, mesmo morando a poucos quilômetros um do outro parente.
Leia mais sobre as provas e indícios destes nossos argumentos sobre a origem do Mangalarga.
G.D.J.