ENTRANTES NO SERTÃO DO RIO PARDO
Lucila R. Brioshi e Outros Autores
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História do Vale do Rio Pardo: Região de Ribeirão Preto e da Alta Mogiana.
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A pesquisa "História do Vale do Rio Pardo", nasceu de uma
insatisfação de estudiosos da região nordeste paulista com o,desconhecimento
da sua história. Descendentes dos antigos entrantes
mineiros e também dos posteriores imigrantes nacionais e estrangeiros,
preocupavam-se em desvendar o início da ocupação da
área compreendida entre os rios Pardo e Grande. Com uma historiografia
"oficial" brasileira preocupada mais com os "grandes cicios"
econômicos, ou seja, com as épocas em que a Colônia
conhecia algum enriquecimento através da exportação de seus
produtos, a economia e a vida dos produtores dos meios de subsistência
internos sempre foram pouco estudadas.
Nesse sentido é que um clássico como "Pioneiros e fazendeiros
de São Paulo", escrito por Pierre Monbeig nos anos 40, e
referência obrigatória para os interessados no tema, coloca a
ocupação da região de Franca e Batatais, junto com Barretos, a
partir de 1830. Preocupado com a expansão cafeeira, Monbeig,
como tantos outros, desconhecia e desconsiderava a 'etapa vivida
pela região entre a fase, mineradora da economia colonial e a
chegada do café, ou seja, entre a época em que a região se
resumia a um traçado - o Caminho dos Goyazes - e a penetração
da cafeicultura, dos imigrantes estrangeiros e dos trilhos da Mojiana.
No entanto, a freguesia de Franca foi instalada no ano de
1805 e a Vila Franca do Imperador existiu a partir de 1824. A
paróquia de Batatais foi desmembrada de Franca em 1815. Inexpressiva
enquanto fornecedora de divisas para o Reino e o Império,
a região era desdobrada em instâncias administrativas devido ao
crescimento da sua população. E esse povoamento teve" a sua
história ligada à produção para o abastecimento interno.
Essa história tem sido contada por estudiosos da região e
leigos curiosos das sua origens, na tentativa de situar no tempo
fatos e nomes ligados à ocupação do sertão do Rio Pardo. Datas,
nomes de localidades e de antigos povoadores, a constituição dos
vários patrimônios e a história de seus fundadores são os temas
preferidos. De maneira pontual e assistemática, tem sido construída
a história regional. Nesse cenário, contamos com duas exceções
. o. trabalho de José Chiachiri Filho sobre as origens de
Franca e o de Ernesta Zamboni sobre a formação da estrutura
fundiária de Ribeirão Preto.
Contando, pois, com os novos recursos da informática, técnicas
desenvolvidas pela Demografia Históricae alguma inovação
metodológica, decidimos enfrentar a empreitada de recuperar a
história das migrações mineiras e a constituição de uma sociedade
de criadores, localizada entre os rios Pardo e Sapucaí-Mirim, a
oeste do antigo Caminho de Goiás. Com isso, acreditamos estar
contribuindo para esclarecer dois pontos controversos e contraditórios
da história regional: a decadência econOmica de Minas
Gerais como fator explicativo da ocupação do nordeste paulista,
para alguns, e para outros, o seu povoamento apenas a partir da
entrada do café. Acreditamos que, nesse período de quase um
século tenha havido uma expansão da produção e comercialização
dos produtos tradicionalmente ditos "de subsistência" ê o enriquecimento
dos seus produtores. Notadamente a partir de 1808, com
a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de
Janeiro, as necessidades ditadas pelo seu abastecimento .criaram
condições para o desenvolvimento das trocas internas. E nesse -
pano de fundo histórico, pois, que se desenrola o povoamento da
freguesia de Batatais, aqui descrito.
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O motivo da migração para São Paulo- Gilberto D.J.
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Hoje cheguei a conclusão que:
A região do RIO PARDO foi povoada por fámílias de criadores e agricultores mineiros que viviam de fornecer para o mercado interno (as minas de ouro e depois ao Rio de Janeiro) produtos agrícolas, bovinos (corte e tração), suínos e laticínios. Eles produziam também animais de sela, tração , transporte e viagem (cavalos e muares) .
Sem a possibilidade de acumulação de capital por meios monetários, e sem outras aplicações possíveis para seus conhecimentos e práticas, migraram de Minas para São Paulo.
Juntamente com estes criadores foram também seus escravos, agregados, vendeiros e muitos outros elementos que se acomodaram e se misturaram nos antigos pousos da estrada de Goiás.
Ao chegarem a São Paulo continuaram a fornecer para o mercado interno : do sul de minas , Rio de Janeiro e, mais tarde, para a região açucareira do oeste paulista.
Os mineiros fazendo uso do adiantamento de capital, em escravos, animais e outros bens, enviaram seus herdeiros rumo ao sertão. Esses homens criaram uma cadeia com foco no fornecimento de: produtos, suprimentos, créditos e confiança.
Esta cadeia baseada no crédito, no dote, e nos adiantamentos, ligava o Rio de Janeiro até os confins do Sertão do Rio Pardo, passando pelo sul de Minas Gerais.
Assim partiram os Junqueiras, e com eles o cavalo Mangalarga para São Paulo.
Somente, muitos anos depois receberam a chegada da estrada de ferro e o café, este sim para o mercado externo, no sertão do rio pardo.
Mas esta já é outra história.
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A falta de moeda , as trocas e o crédito entre parentes:
A compra do cavalo Gregório 1833.
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Pela aquisição, José Frausino deu em pagamento a Carlos de Sá(parente de sua esposa), vinte novilhas Turinas (mestiças de Holandês) muito valiosas na época, comprovando as qualidades do cavalo.
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A compra do cavalo Fortuna I.
Registros particulares da família Junqueira descrevem, no ano de 1.835, o crédito em conta corrente em favor de José Frausino Junqueira, da fazenda Favacho-MG, de 150 mil réis. Em contrapartida, aparece débito do mesmo valor contra seu irmão, Francisco Antônio Junqueira, da fazenda Invernada-SP, pela aquisição de um cavalo. Na ocasião, verdadeira fortuna.
Esta é uma explicação para a ocupação do sertão do Rio Pardo e um dos possíveis motivos da migração dos Junqueiras, baseada em alguns argumentos contidos no livro de Jorge Caldeira:
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