FAZENDA INVERNADA
Aquela marcha picada, batida, ao passo esquipado, tão úteis nas grandes caminhadas, nas montanhas e terrenos acidentados de Minas Gerais, onde nos seus campos limpos, de fácil visão e audição, a caçada ao veado – esporte favorito da época – podia-se acompanhar nesta toada, foi modificada com a vinda dos primeiros criadores para São Paulo.
As terras planas da Mogiana e a vegetação do cerrado obrigaram o criador a selecionar animais bons galopadores e, em conseqüência desta seleção, o andar do Mangalarga evoluiu para marcha trotada.O grande artífice desta formidável evolução foi, sem dúvida, Francisco Marcolino Diniz Junqueira – o “Capitão Chico” – trabalhador obstinado, fazendeiro entusiasmado e evoluído, caçador infatigável e insuperado, e, sobretudo, apaixonado incondicional por sua criação de cavalos.Homem de espírito empreendedor, “Capitão Chico“ conseguiu um desenvolvimento notável em todas suas propriedades e criações. Relacionou-se em todo o Estado com as mais eminentes pessoas e constituiu um patrimônio tal que, junto com seus descendentes, liderou a implantação do café na região. O progresso possibilitou o conhecimento de outros países e outras raças de cavalos que o “Capitão Chico“ e sua família não mediam esforços em testar e confrontar com os de sua própria criação; mas não os utilizou em linhagem masculina por revelarem-se inferiores aos seus, em nossas condições.Em toda criação feita com orientação, determinação e perseverança, nascem, de tempos em tempos, indivíduos proeminentes, capazes de marcar toda uma raça. Na Mangalarga também foi assim. E, esse agente que transformou totalmente a raça Mangalarga foi COLORADO.Linhagem paterna dos “Fortuna”, filho de Fortuna V, Colorado também descendia de Telegrama, Gregório, Joia da Chamusca, Sublime e Alazão, trazendo em si a mais nobre herança da Mangalarga que veio engrandecer as raças nacionais. Em 1917, no Rio de Janeiro, Colorado foi Campeão de Todas as Raças Nacionais; e deixou em seus inúmeros descendentes a correção impecável de suas formas e a marca indelével de sua presença: a pelagem “alazã”, até então muito rara e que hoje é a marca registrada da raça Mangalarga.Podemos dizer, com toda segurança, que a totalidade da raça descende de Colorado, o alazão bronzeado com listra na testa e pé direito branco, crioulo de um dos mais importantes criadores, o Coronel Francisco Orlando, fundador da cidade de Orlândia e filho do “Capitão Chico“.
Orientados pelo zootecnista Paulo Lima Corrêa, que em 1928 sugeriu no seu livro “A Criação do Cavalo” as bases da caracterização do Mangalarga, e inspirados no trabalho do zootecnista argentino Emílio Solanet, que lançou as bases do cavalo CRIOULO ARGENTINO, os criadores Dr. Celso Torquato Junqueira e Renato Junqueira Netto reuniram um grupo de criadores que doaram 15 éguas à Estação Experimental de Sertãozinho para que fossem iniciados os estudos técnicos sobre a raça Mangalarga e posteriormente estabeleceram-se as bases de sua seleção.Em 25 de setembro de 1934 foi fundado o Registro Genealógico do Cavalo Mangalarga em São Paulo e eleita sua primeira diretoria. Foi constituída a Comissão Julgadora para selecionar os animais a serem aceitos no Livro Aberto. Todos os criadores podiam requerer o exame de seus animais e, se preenchessem as exigências para registro, seriam inscritos no Livro. O recebimento de animais em Livro Aberto encerrou-se em 31 de Dezembro de 1943, com o registro em Livro Fechado, onde só seriam admitidos filhos de pais registrados. Esta providência, bastante questionada por muitos que a julgaram precipitada, foi que ocasionou a criação da Associação dos Criadores dos Cavalos Marchadores da Raça Mangalarga, para que aqueles criadores possuidores de animais em condições de registro no Livro Aberto, mas que por qualquer motivo não o fizeram, pudessem optar por um outro registro.A alegada diferença de andares não se justifica, uma vez que, a princípio a Associação de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga admitia a marcha em três tempos e, só a retirou do padrão por uma interferência indevida do Ministério da Agricultura, pressionado por criadores da nova raça que queriam exclusividade no andamento.
FRANCISCO ORLANDO, SEU CAVALO COLORADO E SUA FAZENDA BOA VISTA
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